jose ramos e ramos
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No início do Correio da Manhã, onde estive com muito gosto, as reportagens mais distantes eram feitas num Fiat 600 que chegava todas as manhãs pelas 7.30, conduzido teimosamente por Vitor Direito.  O Fiat parava de solavanco e o VD saía, esticava as pernas e puxava mais um cigarro.
Era um homem alto, magro, um pouco curvado, de sorriso amigo, com olhar a bailar num turbilhão de ideias mágicas.

Entrava pela montra da loja na Rua Ruben A.Leitão e punha-se passarinhar inquieto, até se sentar no gabinete, logo à entrada do lado esquerdo, sempre de porta escancarada.


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O VD sentava-se num cadeirão preto na montra espelhada a ler e reler os jornais do dia anterior e de seguida fazia uma reunião de esquiço na mão com o chefe de Redacção e dois sub-chefes. Eles ouviam e depois lá iam executar o que o VD dizia, tim-tim-por-tim.


SAUDADES DO FIAT 600 
VD pegava em meia folha A4 e começava a gizar a primeira página do jornal. Fazia-a e refazia-a.


Afastava o esquiço, muito perfeito, e sorria, sorria muito, como se fosse um miúdo com um brinquedo nas mãos.

Sinto agora muitas saudades do VD, como todos lhe chamávamos e penso que ele sabia. Sinto saudades do Fiat 600.

VD, O MAGO DOS JORNAIS

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Vitor Direito morreu no ano de 2009 e eu fiquei triste porque sinto agora que gostava dele como de um PATRIARCA cheio de segredos e magias. Foi Vitor Direito quem me abriu as portas do jornalismo.

O tabaco e a reforma desnecessária mataram o mago dos jornais; um homem que construiu um diário usando uma habilidosa receita de sopa de pedra para poder contornar o poder político manhoso e aveso às duras realidades do dia-a-dia.

Quando o Correio da Manhã arrancou, em Fevereiro de 1979, éramos quinze jornalistas a batalhar em velhas máquinas de escrever. Entrávamos pela montra de uma loja perto do Largo do Príncipe Real e descíamos por uma escada estreita, para nos encavalitarmos numas secretárias de um metro de tampo. Foram tempos fantásticos de grande entusiasmo.

Todos os dias, lá estava ele a insistir nas boas histórias, contadas em discurso directo; e lia o jornal de ponta a ponta e sorria e sublinhava e ia ter com quem escrevera e perguntava e sorria. O VD queria poucas palavras, muitos factos e emoções espelhadas. Era um jornalismo popular, acertivo e demolidor.

Durante quase 30 anos, o VD deu trabalho a centenas de jornalistas, sempre de sorriso amigo e aperto de mão franco. Fui ao seu funeral. Estavam oito jornalistas e dez familiares.

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